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Metodologia
A presente análise, realizada tendo como base a fusão de Fact-Checking e Debunking, avalia a veracidade das seguintes afirmações
Etiquetas Fact-Checking
Para ilustrar a conclusão desta análise Fact-Checking foram elaboradas as seguintes etiquetas, com a respetiva escala de avalização.
“Alimentos específicos podem prevenir o aparecimento do cancro da mama”
"Tratamentos naturais são mais seguros do que a quimioterapia ou a radioterapia no combate ao cancro da mama"
A afirmação está incorreta, mas inclui elementos parcialmente verdadeiros ou mal interpretados.
A declaração contém informações que se contradizem, revelando incoerência.
A afirmação está
comprovadamente falsa.
A afirmação está
comprovadamente verdadeira.
A afirmação carece de evidências confiáveis para ser considerada
De acordo com o artigo de Claire Wardle (2017), publicado por First Draft, Fact-Checking refere-se a um conjunto de métodos de análise destinados a combater a desinformação, especialmente, quando esta tem impacto ou relevância na sociedade, através da verificação rigorosa do grau de veracidade de afirmações.
Por outro lado, Debunking centra-se na análise de conteúdos fabricados ou amplamente disseminados por fontes anónimas ou não oficiais, como acontece frequentemente em diversas plataformas de redes sociais.
Esta nossa abordagem conjunta permite identificar e corrigir informações falsas, contribuindo para um debate mais informado e fundamentado.
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Notícia 1
“Alimentos específicos podem prevenir o aparecimento do cancro da mama.”
A ideia de que alimentos específicos podem prevenir o cancro da mama tem sido amplamente discutida por especialistas e circula frequentemente nas redes sociais. Embora certos padrões alimentares possam reduzir o risco, fatores como genética e estilo de vida são igualmente importantes.
Sempre houve uma conceção de que o cancro poderia ser prevenido com determinados alimentos. Não obstante, tal ideia de que "alimentos específicos previnem o cancro da mama" deve ser analisada com cuidado. O desenvolvimento do cancro envolve fatores como genética, histórico familiar, estilo de vida e exposições a hormonas e idade, e é um facto que nenhum alimento isolado tem o poder de prevenir ou causar a doença. Todavia, certos padrões alimentares podem reduzir o risco.
Dr. Marina Pollán, coordenadora de um estudo espanhol publicado no British Journal of Cancer, “Spanish Mediterranean diet and other dietary patterns and breast cancer risk: case-control EpiGEICAM study”, expôs que uma dieta mediterrânea reduz em 30% o risco de aparecimento do cancro de mama. Este estudo destacou o papel de “proteção” de alimentos como azeite de oliveira, peixe, frutas e legumes na dieta mediterrânea, comprovando ser uma das mais benéficas devido à sua riqueza em antioxidantes, fibras e gorduras saudáveis que ajudam a combater o stress oxidativo [1] e a inflamação. Tais afirmações são igualmente reconhecidas nos artigos da Médis e da SAPO Lifestyle.
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Contrariamente à dieta mediterrânea, uma dieta ocidental, constituída por alimentos ultraprocessados, açúcares adicionados e carnes processadas, tem sido associada a um maior risco de cancro, incluindo o da mama, como está explícito no artigo “Cancro da mama: fatores de risco e prevenção”, no site do Hospital Cruz Vermelha. É ainda recomendado evitar o consumo excessivo de álcool e carnes processadas, conhecidos por conterem compostos capazes de aumentar o risco de doenças oncológicas (Central Med).
Nutrientes específicos como carotenoides[1], polifenóis[2], fibras e ómega-3 têm sido destacados por suas propriedades “protetoras”. Vegetais alaranjados, frutas vermelhas e peixes gordos são fontes importantes desses compostos. Além disso, alimentos fermentados que promovem uma microbiota intestinal saudável podem desempenhar um papel positivo na regulação da inflamação e dos processos imunológicos.
Têm surgido, igualmente, pesquisas emergentes que investigam o impacto de práticas como jejum intermitente e dieta cetogênica, que podem reduzir fatores de risco metabólicos associados ao cancro. No entanto, tais abordagens ainda não têm quaisquer evidências conclusivas.
Em Portugal, recomendações da Direção-Geral da Saúde e da Liga Portuguesa Contra o Cancro destacam o consumo de pelo menos 400 gramas diárias de frutas e hortícolas, além de limitar os alimentos processados e ricos em açúcares (Médis e Hospital Cruz Vermelha). Uma alimentação saudável, associada a um estilo de vida ativo e o controlo de peso, é também fundamental. No entanto, não substitui os exames que devem ser realizados regularmente, nem o acompanhamento médico.
Desta forma, após a realização desta análise conseguiu-se concluir que é um facto que não existem alimentos específicos que previnem o aparecimento de cancro, neste caso, cancro da mama. Contudo, é igualmente um facto, como sustentado nos relatórios e artigos referidos, que uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, fibras e gorduras saudáveis, pode ajudar a reduzir o risco do surgimento desta doença. Essa abordagem, associada a um estilo de vida saudável, como a prática de exercício físico e o controlo de peso, contribui para essa redução.
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Assim esta informação é...
A afirmação está incorreta, mas inclui elementos parcialmente verdadeiros ou mal interpretados.
[1] Stress oxidativo é uma condição biológica em que ocorre desequilíbrio entre a produção de espécies reactivas de oxigénio e a sua remoção através de sistemas (enzimáticos ou não enzimáticos) que as removam ou reparem os danos por elas causados.
[2] Carotenoides fortalecem o sistema imunológico, ajudam a diminuir o risco do surgimento de alguns tipos de câncer e previnem o envelhecimento precoce, porque têm uma ação antioxidante, anti-inflamatória e fotoprotetora.
[3] Polifenóis são compostos bioativos conhecidos devido aos seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, dando muitos benefícios à saúde.
Referências
Castelló, A., Pollán, M., Buijsse, B., Ruiz, A., Casas, A. M., Baena-Cañada, J. M., Lope, V., Antolín, S., Ramos, M., Muñoz, M., Lluch, A., de Juan-Ferré, A., Jara, C., Jimeno, M. A., Rosado, P., Díaz, E.,
Guillem, V., Carrasco, E., Pérez-Gómez, B., & Vioque, J. (2014). Spanish Mediterranean diet and other dietary patterns and breast cancer risk: case–control EpiGEICAM study. British Journal of Cancer, 111(7), 1454–1462. https://doi.org/10.1038/bjc.2014.434
dos, C. (2007, October 30). Stress oxidativo. Wikipedia.org; Fundação Wikimedia, Inc. https://pt.wikipedia.org/wiki/Stress_oxidativo
https://www.medis.pt/mais-medis/cancro/alimentacao-saudavel-para-evitar-ou-tratar-o-cancro/
https://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/dieta-saudavel-anti-cancro-da-mama
Cancro da mama: fatores de risco e prevenção - Hospital Cruz Vermelha. (2024, October 15). Hospital Cruz Vermelha. https://hospitalcruzvermelha.pt/cancro-da-mama-fatores-de-risco/
Cancro e alimentação: hábitos alimentares saudáveis - Centralmed. (2023). Centralmed. https://centralmed.pt/blog/cancro-e-alimentacao-habitos-saudaveis/
Amanda Escobar. (2021, December 17). Polifenóis: o que são, quais os tipos, e onde encontrar? https://dglab.com.br/blog/polifenois/
Imagem 1 – Inteligência Artificial
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Notícia 2
“Tratamentos naturais são mais seguros do que a quimioterapia ou a radioterapia no combate ao cancro de mama"
Circula frequentemente nas redes sociais e em algumas plataformas de saúde a afirmação que indica que "tratamentos naturais são mais seguros do que a quimioterapia ou a radioterapia no combate ao cancro da mama." Contudo, especialistas em oncologia e órgãos de saúde refutam tal alegação, destacando que as terapias convencionais, como a quimioterapia e a radioterapia, são as mais eficazes e seguras no tratamento do cancro da mama, com ampla aprovação científica.
Em Portugal, o tratamento para o cancro da mama é amplamente defendido por evidências científicas que apontam a quimioterapia e a radioterapia como os métodos mais eficazes para aumentar a taxa de sobrevivência. Segundo o Instituto Português de Oncologia (IPO), a quimioterapia utiliza medicamentos potentes para destruir células cancerígenas, enquanto a radioterapia utiliza radiação para eliminar as células tumorais em áreas específicas. Ambas carregam décadas de pesquisa e têm apresentado resultados positivos em pacientes com cancro da mama, como é explicado no site do IPO.
A quimioterapia é utilizada antes e/ou após a cirurgia para remover o tumor primário, enquanto a radioterapia é frequentemente aplicada para eliminar células cancerígenas que podem ter permanecido após a cirurgia. A Liga Portuguesa Contra o Cancro destaca que estes tratamentos são essenciais para o controlo do cancro, apesar dos efeitos colaterais conhecidos, como fadiga, perda de cabelo e náuseas. Apesar da crescente popularidade dos tratamentos naturais, como suplementos, ervas e dietas alternativas, os especialistas são unânimes em alertar para a falta de evidências científicas que comprovem a eficácia destes métodos para o tratamento do cancro da mama.
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A Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) afirma que, embora algumas terapias complementares possam ajudar no alívio de sintomas como o stress e dor, não têm o poder de curar o cancro e não devem substituir os tratamentos convencionais. A organização ressalta que a escolha de terapias complementares deve ser sempre discutida com um médico oncologista, para evitar interações prejudiciais com tratamentos convencionais. Além disso, a Direção-Geral da Saúde (DGS) reforça que o uso de terapias alternativas sem o acompanhamento médico adequado pode prejudicar o sucesso do tratamento tradicional. Em muitos casos a utilização de certos suplementos naturais pode interferir com os medicamentos, reduzindo a sua eficácia e, até causando efeitos adversos graves.
Embora os tratamentos convencionais como a quimioterapia e a radioterapia sejam os mais seguros e eficazes, muitas organizações, como a Associação de Apoio à Mulher com Cancro de Mama (AMOC), reconhecem o papel das terapias complementares no suporte emocional e físico dos pacientes. Estas terapias, como a meditação, yoga e técnicas de relaxamento, podem ser úteis para reduzir o stress e melhorar a qualidade de vida durante o tratamento, mas nunca devem ser vistas como alternativas para a quimioterapia ou radioterapia.
Apesar do aumento do interesse em terapias alternativas, a base para o tratamento do cancro deve sempre ser científica e comprovada. A pesquisa e os tratamentos baseados em evidências científicas são fundamentais para o sucesso na luta contra o cancro da mama. Especialistas alertam que, embora os tratamentos naturais possam ser benéficos para a saúde em geral e o bem-estar de pacientes com cancro da mama, não devem ser considerados substitutos para terapias comprovadas como a quimioterapia e a radioterapia. A Liga Portuguesa Contra o Cancro e outras organizações como o IPO reforçam que o acompanhamento médico contínuo e a adesão aos tratamentos convencionais aumentam as probabilidades de cura dos pacientes.
Portanto, pacientes diagnosticados com cancro da mama devem sempre consultar os seus médicos oncologistas para discutir todas as opções de tratamento e garantir que estão a receber a melhor abordagem possível, fundamentada em evidências científicas e práticas clínicas comprovadas. Recomendações para pacientes com cancro da mama: Discuta sempre com o seu oncologista as opções de tratamento mais adequadas ao seu caso. A escolha de tratamentos deve ser baseada em evidências científicas, não em promessas infundadas de curas milagrosas.
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Assim esta informação é...
A afirmação está
comprovadamente falsa.
Referências
Instituto Português de Oncologia (IPO). (n.d.). Tratamento do cancro da mama. Instituto Português de Oncologia. https://www.ipolisboa.min-saude.pt/
Liga Portuguesa Contra o Cancro. (n.d.). Tratamento do cancro: Radioterapia e Quimioterapia. Liga Portuguesa Contra o Cancro. https://www.ligacontracancro.pt/
Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO). (n.d.). O papel das terapias complementares no tratamento do câncer. Sociedade Portuguesa de Oncologia. https://www.sponcologia.pt/web/home.php
Direção-Geral da Saúde (DGS). (n.d.). Tratamentos oncológicos: Diretrizes e recomendações. Direção-Geral da Saúde. https://www.dgs.pt/
Associação de Apoio à Mulher com Cancro de Mama (AMOC). (n.d.). O impacto das terapias complementares no tratamento do câncer de mama. AMOC. https://apamcm.org/
Associação Portuguesa de Cancro (APC). (n.d.). O tratamento oncológico: Eficácia e segurança. Associação Portuguesa de Cancro. https://www.apcancro.pt/
Células e Terapias Celulares (CTC). (n.d.). Terapias alternativas e tratamentos oncológicos: O que a ciência diz. CTC. https://www.ctc.pt/
Imagem 2 – Inteligência Artificial